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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O caminho do vento (João Carlos Taveira)





            Comecei a ler aos quatro, cinco anos. Aos sete, aprendi a voar. O primeiro voo, nas asas de um condor, desvendou as alturas da Cordilheira dos Andes, mais detidamente o chão do Chile de Gabriela Mistral, de Pablo Neruda. (Meu pai, com sua pequena biblioteca hispano-americana, possibilitou esse e outros voos.) Depois, naturalmente, planei em céu nativo: Castro Alves, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, José Lins do Rego, José Mauro de Vasconcelos. Ainda bem que a escola ensinava planos de voo, e outras línguas. Machado, Drummond, Bandeira e alguns outros, só aos treze, quatorze anos. O destino ainda era incerto. Mas já estava traçado o caminho do vento.

           

domingo, 19 de janeiro de 2014

Amor, sempre amor (Francisco Miguel de Moura)





(Quadro de Badida Campos)

Eras tu a mais linda da cidade.
E eu cheguei, um matuto impertinente,
apelidado até de inteligente
por colegas, amigos na verdade.

Teus sorrisos me enchiam de vaidade
e àqueles que te tinham de inocente,
e a mim me enfeitiçaram de repente,
como ninguém calcula. Ninguém há de

saber o que lutei para ganhar-te,
para querer-me ali, e em qualquer parte,
e, enfim, nos enlaçarmos com ardor.

Fogo em que conservamos, te asseguro,
a minha felicidade e o teu futuro
para viver tão puro e santo amor.

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