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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Nathalie Sarraute entre elogios e favores (Nilto Maciel)


(Modigliani, "Nu sentado")


Janete Clair tem me visitado. Na véspera de Natal, esteve em minha casa. Não trouxe um litro de aguardente (que ela tem ciência da minha abstemia) ou um broche de ametista (pois me considera homem íntegro); entregou-me, sim, exemplar de Nathalie Sarraute. Imaginem vocês o título. Não fazem ideia? Serei presto: Disent les imbéciles. Eu não sabia da existência dessa obra. Aliás, só li um romance de Nathalie: Infância. Leitura de muitos anos atrás. Nem me lembrava dela, embora não seja um desmemoriado. Confuso, afastei-me da discrição, sem perceber: “Por que você me dá isto?” Tentei consertar o erro: “Quero dizer: por que você escolheu esta autora?” Ela não se deixou enredar às malhas de meu palavrório: “Porque o senhor é um erudito".

Charada (Vianney Mesquita)

















Desempenho uma casta de figura
Valida, antigamente, de valores.
Fui incapaz, porém, de erguer altura,
Sempre a expensas dos aduladores.

Feito monarca do solipsismo,
Imerecidas honras improviso.
Fã inconcusso do autoritarismo,
Somente à glória descabida viso.

Beletristicamente, sou arcaico,
De personalidade, farisaico,
Literataço de estreito bestunto.

Num desponsório, quero ser consorte;
No campo santo, represento a morte
E em préstito funéreo sou defunto.

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