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segunda-feira, 31 de março de 2014

Eu te saúdo, ó Mestre (Nilto Maciel)





Todo santo dia, Cássio Botelho sai de casa, aí pelas 11 horas, e se dirige a um restaurante. Procura os menos concorridos. Evita filas. Dá uma olhadela nas carnes e se decide por esta ou aquela. Às vezes, a gula o trai e ele deixa o prato pela metade. Sua intenção é nunca se repetir, além de mastigar bem e ter prazer: hoje peixe frito, amanhã carneiro cozido, noutro dia frango, e assim por diante. Senta-se o mais distante possível dos comilões. Conhece o mais profundo asco de pessoas que se comportam como porcos, cachorros, gatos: a cara enfiada no prato. Tem pavor de certos comportamentos dignos de guerreiros romanos ou medievais: enfiam o garfo nas carnes (de animais assassinados), como se matassem feras (cheios de ódio).

O que me prende aqui? (Inocêncio de Melo FGlho)




Portas e janelas estão abertas
Posso fugir
Não consigo passar por elas
O que me prende aqui
Se meus pés não estão presos a este solo?
O que me prende aqui se não me queres mais?
O que me prende aqui se rasgaste os versos que te dei?
O que me prende aqui se portas e janelas me mandam ir embora?
Tento edificar outra indagação
Mas me vem a voz do vento e me silencia
Aquieto-me com meus escritos rasgados e me vou
Com o vento que não me deixa mais falar. 

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