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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Dos deuses (Luiz Martins da Silva)





Quando os deuses choram
Não é que sejam rudes,
São somente luscos
De rios e chuviscos.

Deuses mal contêm
As suas poluções,
São resinas sagradas
De seivas cósmicas.

Quando os deuses riem,
São lágrimas indianas,
Ancestrais estamparias
De padrões fractais.

Ah! Os deuses nos invejam
Nas nossas conjunções,
Eles não são navios
Fundeando em portos.

Deuses não devem gulas,
Pois, são de perpétuo êxtase,
São de gozosos mistérios,
Comuns a nos soçobrar.

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domingo, 6 de abril de 2014

Desforra (Hilda Mendonça)




Um dia, não muito distante
o mundo se unirá,
arrebanhará vozes e expulsará de vez:
. Os violentos;
. Os corruptos;
. Os terroristas;
. Os falsos profetas;
. Os ambiciosos;
. Os inescrupulosos;
. Os fúteis;
. Os promíscuos;
. As dondocas vazias;
. Os que violentam crianças;
. Os que depredam a natureza;
. Os que tiram o pão do trabalhador;
. Os que se aproveitam da boa fé alheia;
. Os indiferentes;
. Os omissos;
. Os gananciosos;
. Os que exploram mulheres;
. Os aproveitadores;
. Os profanos;
E, neste dia, vinda das nuvens uma voz se ouvirá
perfeitamente identificável e bradará:
Aqui também estes não entrarão!

(Do livro Caminho de Meus Andares, Scortecci Editora)

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