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terça-feira, 31 de outubro de 2006

Uma novela de Nilto Maciel (Dimas Macedo)



Ao terminar a leitura do primeiro capítulo de A Guerra da Donzela, de Nilto Maciel, confesso que não resisti à tentação de voltar às páginas de Crônica de Uma Morte Anunciada, de Gabriel Garcia Márquez. É que a semelhança dos relatos ficcionais desses dois escritores em torno da apreensão da gente de uma pequena cidade nos parecia tão propositalmente tecida, que em determinado momento da leitura nos assaltou a sensação de que em verdade estávamos diante de uma narrativa do grande romancista colombiano, Nobel de Literatura de 1982.

Avisserger megatnoc (Nilto Maciel)



9 - Fantasia

Colocou na face no rosto na cara mesmo a máscara para iludir a vida e fantasiar a noite. Escondeu como era possível esconder os traços de frente e de perfil. De todos os ângulos cabíveis. Não a boca tão necessária ao despejo uísque-uísque e enfio ou meto hiltons charutos os mais grossos e mais nauseantes. Não as narinas as ventas as crateras subterrâneas para farejar perfumes e suores. Não os olhos brilhosos ? opacos ? tristes ? alegres ? para ver olhar enxergar e espiar colombinas meninas tão lindas. Depois se vestiu do blusão multicolorido the falcon e da calçona listrada e calçou agachado as sapatilhas olympikus. Saltou diante do espelho nítido horrível palhaço ou feitiço danado que o fez recuar dançar saltitar passos atônitos e dizer de si para si ou para paredes estufados móveis coloniais que o baile seria inesquecível mas talvez o último o baile de máscaras a noite dos foliões a grande alegria que a vida merece ser vivida pulada fantasiada mascarada bebida fumada comida deitada caída saída vamos já vamos logo josé.