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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Peripécias sagazes de Valdivino Braz (Jorge Bechepeche*)

O “Gado de Deus”, de Valdivino Braz, pode ser considerado uma das referências insignes do romance brasileiro


A pertinácia escritural de Valdivino Braz é um cenário de incontido jorro fervilhante e contínuo de galopes fráseos, de lépidos e desvairados petardos estruturais, linguísticos; enfim, um perfilamento e culminação de um remodelismo conjuntivo de décadas literárias. A prosa, com “Cavaleiro do Sol” (1977), e a poesia, “As Faces da Faca” (1978), ressentem-se do assanho impactador de neófito que assoma os horizontes deslumbrantes e irresistíveis da criação literária, mas ainda subjugado pelo imediatismo das temáticas e das influências de autores impregnantes e irresistíveis (como João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Lêdo Ivo.) que ainda não revelam aquele seu futuro buril raiado que ele instauraria nas publicações posteriores, fantasticamente aguçado, lépido, mordaz, joyceano. Contudo, não se pode negligenciar, além da perpetrante capa de Laerte Araújo para “Cavaleiro do Sol” (ele que sempre acrescenta arte à estetização dos autores), a presença de alvissareiro embrião de forte lampejo estilístico já literariamente representativo nos contos “A Face Oculta da Maldade”, “Que se Passa com Joana?” e “Cavaleiro do Sol”. Nestes, a dotação de linguagem, ao manejar o tema, se lhes cai bem.

sábado, 25 de junho de 2011

Impasses da literatura contemporânea (Alcir Pécora*)




Num debate recente com a crítica Beatriz Resende, organizado pelo Instituto Moreira Salles, expus minha impressão de que o campo literário se encontra hoje numa situação de crise, observável pela relativa perda da capacidade cultural da literatura de se mostrar relevante, não apenas para mim, mas para muitos que estão comprometidos com a cultura: como se alguma coisa se introduzisse nela (sem eventos violentos) e a tornasse inofensiva, doméstica. Um vírus de irrelevância, por assim dizer.