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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Caso o tempo decida (Clauder Arcanjo)





Para Lustosa da Costa
(In memoriam)

Caso o tempo decida
Enterrar os ponteiros esquivos,
Ou pintar de branco os segundos,
Pensarei em deixar o hiato de mim,
A solfejar, quem sabe, a sonata final.

Caso o tempo decida
Abandonar os segredos insepultos,
Ou lambuzar de cinza as horas,
Deixarei, à sorrelfa, o espectro de mim,
A tartamudear, você sabe, a praga outonal.

clauderarcanjo@gmail.com
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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Hora Certa (há a hora certa?) (Tânia Du Bois)




“... são os sonhos que garantem a paciência suficiente para aguardarmos a próxima hora...” (Lígia A. Leivas)
            O relógio marca a hora certa. Norteia o tempo. Tempo de quem? Há a hora certa? Jorge Tufic reflete que “A hora. Quem / sabe da hora que / os relógios / deixam de ver?...” Hora certa, para quê, se o tempo exclui o relógio. O mais interessante é tratar do tempo como questão singular: sistemas de valores e modo de vida. Como diz Manoel de Barros, “Não atinei até agora porque é preciso andar tão depressa. / Até há quem tenha cisma com a lesma porque ela anda muito depressa. / Eu tenho. / A gente só chega ao fim quando o fim chega! / Então prá que atropelar?”