A Distância de Todas as Coisas, de Dimas Macedo, é composto, quase todo, de poemas dedicados à sua cidade natal, a pequena Lavras da Mangabeira. Aliás, uma das cinco partes do livro tem o título de “Poemas de Lavras”. No entanto, Lavras é apenas um ponto geográfico e o poeta se serve dele para cantar e recriar sua infância. Assim, nas outras partes também se encontram poemas cujos temas são o passado, a cidadezinha, o sertão, como “O Poeta e o Salgado”, “O Menino e o Salgado”, “Rua da Praia” e "Lavras”, nos quais o poeta canta o Rio Salgado, que banha Lavras, uma das ruas da cidade e a própria terra natal.
Dimas Macedo é, pois, um poeta de um imenso telurismo. O que é natural, por ter nascido e vivido parte de sua vida no campo.
Há, porém, outras facetas importantes nos versos do poeta. Assim, ele canta o amor com a mesma veia com que tem cantado sua infância e sua Lavras, Como neste belo verso: “- teu amor é uma ilusão perdida nos meus braços”.
E se debruça também sobre temas voltados para suas inquietações metafísicas, e arranja versos de difícil deglutição, como estes: “A idéia é o mistério / e as teorias são o que buscamos, / e as coisas são só coisas / e o que pensamos é o além de tudo”.
O volume poderia ser dividido em dois: um dedicado a Lavras e à infância do poeta, outro com os demais poemas. Tal a dessemelhança entre uns e outros. Contudo, teríamos dois pequeninos livros, pois o todo comporta cerca de 60 páginas apenas.
A dessemelhança referida não é tanto de ordem formal. Quase sempre Dimas Macedo utiliza o verso livre, não obedece aos cânones dos sistemas de versificação. A rima é uma raridade nele. Talvez apareça apenas no "Poema dois”, e, assim mesmo, muito precariamente. Também as chamadas estrofes regulares estão presentes em apenas alguns poemas, como nas “Canções absurdas”, a segunda parte do livro, e em outros poucos. Isto não significa demérito do autor. Nem mérito. Porque em poesia não vale a quantidade, nem o apego às formas, nem a adesão obsessiva às modas.
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