O dia todo na labuta do campo, João e Maria nem tiveram tempo de se amar. Mal se deitaram, o sono chegou. Ainda trocaram duas ou três palavras. A cobra enroscada na árvore, promessa de chuva, fadiga no corpo.
No meio da noite, Samael se aproximou do tugúrio do casal. Sorrateiro, entrou. Há tempos seguia os passos de Maria. Quando a encontrava a sós, sussurrava-lhe lascivas palavras. E ela fugia, cega de ódio.
Cientificado do sono profundo dos dois, o forasteiro deitou-se junto à amada. Beijou-lhe suavemente os lábios. Despiu-lhe os seios, e também os beijou. Colou-se mais ao corpo dela. Retirou-lhe o resto das roupas. Abraçou-a, já deitado sobre ela. Nenhuma rejeição. Pelo contrário, Maria aceitava passivamente tudo.
Ao ser penetrada, porém, ela gritou. Samael assustou-se, deu um salto e fugiu.
Tempos depois, Maria se sentiu grávida. E finalmente nasceu-lhe o filho. Um menino feio.
Quando o via, Samael parecia lembrar-se daquela noite de prazer e susto. E o seguia, como se quisesse protegê-lo, dizer-lhe alguma palavra. No entanto, o menino não o via.
Na verdade, ninguém sabia das origens do menino. E Samael só existia na crendice de alguns. De Maria, sobretudo.
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