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segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

A rosa gótica (Donaldo Schüller)


Houve um momento em que o romance quis competir com a ciência. Passou a documentar. A linguagem fez-se austera. Os romancistas tiveram o cuidado de aproximar-se cautelosamente das coisas. A vertigem cientificista não durou muito. Os próprios cientistas começaram a duvidar da perenidade de seus achados. Os periódicos documentavam melhor que o romance. E o faziam vertiginosamente. O romance se deu conta de seu parentesco com a poesia. Vieram Proust, Joyce, Guimarães Rosa... onde está a diferença entre romance e poesia? A Rosa Gótica é um romance ou é um romance sobre o romance? É ambas as coisas. É uma aventura de linguagens sobrepostas que nos levam para a inquietante ebulição da Idade Média. A ação nos arrasta a uma sarabanda de textos e de idéias a que não podemos ficar indiferentes porque é a nossa própria história, individual e coletiva, que está em jogo.

(Orelha de A Rosa Gótica, Fundação Catarinense de Cultura, Florianópolis, SC, 1997)
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