Não existem boas nem más estórias. Existem apenas estórias. Que podem ser bem ou mal contadas. Há mil e uma formas de contar uma estória. Mas só uma (e apenas uma) é a forma certa de a contar. E é, justamente, essa forma que faz a diferença. Que mostra o abismo entre um bom e um mau escritor. Entre o escritor que sabe trilhar o seu caminho e o escritor que, sem procurar sequer encontrar o seu caminho, apenas segue o rastro dos outros, e o que é pior ainda, sem saber como nem para quê.
Cherlanyo Barros não é desses. É daqueles. Daqueles que sabem trilhar o seu caminho. Os contos de Dulcinéia em Hollywood poderiam ter sido escritos de mil e uma formas. Mas Cherlanyo Barros soube escolher a forma certa. Mostrou-nos a essência dos seus personagens como ela deve ser mostrada. Todos os seres humanos se parecem nas suas contradições.
E o autor, ser humano que é, não escapa das suas próprias contradições. Não existem contos perfeitos no livro de Cherlanyo Barros. Existem apenas estórias bem contadas. E é esta aparente contradição que deixa no leitor a satisfação de ter feito uma boa leitura. Ser ou não ser é apenas uma questão. E o importante não é a questão, é a postura, poder ser. E a forma como Cherlanyo Barros conta as estórias de Dulcinéia em Hollywood dá ao leitor a condição dessa possibilidade. Poder ser.
Está nascendo no Ceará um excelente contista. Escutem-no. Ele tem algo a dizer.
Casa das Leiras
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