Crava os dentes de fúria e derruba
o equilíbrio da inocência irmã.
Ódio ancestral avilta a língua impune
no despudor de se lamber de sangue.
.
Venenos e aversões estraçalhados
em cada veia íntima da vítima.
Vexame de ciúme, dignidade
em lama pública, piso de rua.
Sobrevivente, ao abandono, a vítima
sorveu a extroversão da ré fugida.
Do trauma, livra-se a cabeça, pasma !
Às tontas, não conspira, busca o prumo.
Ergue-se, ética, dessa calçada
do desamor, em nome de seu lema:
-Tenho muito a doar e ainda sobra.
Muito mais do que o piso desse cuspe.
Muito aos maldosos e aos covardes, muito.
- Dar meu perdão em vida não me custa.
*
Quarta-feira de Cinzas, fevereiro 2005.
Para gente violenta e desatinada ,
já se usam os termos pit-boy, pit-man, e pit-girl, pit-woman.
Da minha coleção de Humanos.
Adelaide Petters Lessa, São Paulo
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