“O que é um livro em si mesmo? / É um conjunto de símbolos mortos. / Então aparece o leitor / certo, e as palavras saltam para a vida” (Jorge Luis Borges)
Podemos ser notados de muitas formas na vida. Algumas boas, outras ruins. Ambas ficam marcadas para sempre, como nesta frase, dita num encontro: “Me orgulho de chegar até aqui, sem ter lido um único livro.”
Foi um susto! Um susto em ouvi-la; um susto em saber que ainda existem pessoas que não lêem; um susto por as pessoas acharem natural tal afirmação.
Passei mal! Mas, pensei... Será que aqui e agora é permitido pensar? Ou serei notada por estar pensando, e expulsa do encontro? Sim, porque aquelas pessoas só conseguem ser notadas pelo TER, e não pelo SER.
Por que passar a vida sem ser notada, quando é tão prazeroso ler? “Ler é uma questão de sobrevivência.”
Gostaria de poder passar às pessoas a transformação que um livro pode causar, através do hábito da leitura; que o conceito de riqueza vai além do dinheiro, e inclui literatura e cultura, como em Milton Hatoum, “A função da literatura na vida cotidiana de cada um é alimentar a alma. Ela nos conduz ao conhecimento de nós mesmos e dos outros.”
A busca de um modo de vida mais focado na literatura prevê a necessidade de mudar, transformar e se descomplicar de forma consciente e livre. Através da leitura, as pessoas podem superar seus maus momentos e se deliciarem com os bons momentos: a tônica é descobrir o prazer da leitura. Difícil? Talvez, mas muito compensador. Sem livros é difícil viver porque se revela o vazio. E Benedito Cesar da Silva, coloca: “Não quero fazer de meus versos / Armas para a batalha. / Mas, sobretudo, hei de fazê-los / Como brinde à vida,...”
É preciso mudar e priorizar a qualidade de vida, ou seja, dar mais atenção aos escritores que revelam, a cada minuto, em suas obras, toda a riqueza de detalhes, para que possamos flutuar e viajar neste mundo sem tempo, como expôs Harold Bloom: “Pode ser uma arte em extinção a de ler com amor, com a emoção de ver como o texto se desdobra. Mas, todo mundo tem ou deveria ter uma lista de obras que lhes serviriam de companhia numa ilha deserta.”
Trabalhemos com o tempo, arrumemos tempo para viver e contagiar a todos do valor do escritor e da sua obra: o livro.
Imaginemos como seria viver sem os escritores e os seus livros?
O que notaríamos? Monteiro Lobato alertou que “Quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê.”
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