Translate

terça-feira, 12 de abril de 2011

Quando o rio vier (Astrid Cabral)



O dia em que o rio vier 


se deitar em meu quintal

estendendo seu lençol

sobre as taboas do soalho

não arrancarei cabelos

nem torcerei as mãos.



Quedarei firme pensando:

tardou bastante a chegar

a partida inevitável.

Por que galgar o telhado

o topo da alta mangueira ?

Ou mesmo fechar a porta?



Permanecerei na casa

já em barco transformada

os pés afundando n’água.

É o convite do horizonte

a transpassar-lhe o umbral

e em novo país morar.



Astrid Cabral no Jornal de Poesia
Astrid Cabral na Estante Virtual
Astrid Cabral em Cronópios

/////