O dia em que o rio vier
se deitar em meu quintal
estendendo seu lençol
sobre as taboas do soalho
não arrancarei cabelos
nem torcerei as mãos.
Quedarei firme pensando:
tardou bastante a chegar
a partida inevitável.
Por que galgar o telhado
o topo da alta mangueira ?
Ou mesmo fechar a porta?
Permanecerei na casa
já em barco transformada
os pés afundando n’água.
É o convite do horizonte
a transpassar-lhe o umbral
e em novo país morar.
Astrid Cabral no Jornal de Poesia
Astrid Cabral na Estante Virtual
Astrid Cabral em Cronópios
/////