(Joan Edesson)
Não conheço Joan Edesson. Falavam-me dele: escreve bons contos, mas ainda não publicou livro. Encontrei umas narrativas dele em revistas e concordei com os críticos. Quando me dedicava à elaboração do estudo Contistas do Ceará, ele me enviou um conjunto de histórias curtas, que reuniu no volume O plantador de borboletas (Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2011), uma das obras selecionadas no Edital de 2010 da Secretaria da Cultura do Ceará, Prêmio Moreira Campos (categoria conto). E me enviou pelo correio.
O livro está belo: de capa a capa, de aba a aba (Ana Miranda na primeira, suma biográfica de Joan na outra). A romancista de Boca do Inferno resume a obra do contista: “Borboletas cultivadas, penas que nascem nos calcanhares de meninos afogados, aves que são oráculos, trens imaginários, olhos recorrentes, onças encantadas e crianças aladas, pesadelos que se tornam reais...” São muitos contos, todos bem curtos. As frases são breves, sem rodeios: sujeito, predicado e complemento. “Emanuel Benvindo da Paz plantava borboletas em seu quintal”; “Prometi voltar e aqui estou”; “Ouvi os cães ladrarem a noite inteira”. Não se assemelham aos relatos sertanejos que deram origem ao regionalismo nordestino. Não servem aos estudiosos do folclore. Tendem mais para o que chamaram de realismo mágico. Mas não se vê imitação de García Márquez e outros cultores da narrativa pomposa dos hispano-americanos.
Joan me mandou, pelo correio, outros dois livros (um dele e um de sua mãe): Do vôo dos elefantes e outros azuis (Fortaleza: Martins e Cordeiro, 2007), e Cordel Umbilical (Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2010). O primeiro é constituído de poemas. Versos livres e de mais de dez sílabas ao lado de outros de duas ou mais sílabas, em poemas longos (em comparação com as composições de poucos versos, como o haicai e o soneto). Na apresentação, Adalberto Monteiro esmiúça o modo de versejar de Joan, assim como os assuntos de sua poética: “Embora digam que a poesia de Joan talvez tenha bebido nas águas de lagos do Velho Mundo e de açudes dos Trópicos, ela tem sua marca própria: a pujança do telúrico; os socos da memória; o épico, na história do país e das pessoas e das guerras por elas travadas por seus sonhos; e um lirismo amoroso a um só tempo vulcânico, delicado e comovente”.
O terceiro presente é de uma riqueza verbal impressionante, desde o título (Cordel umbilical). Traz na capa o nome de Idalzira Bezerra de Oliveira. O livro é um repositório de poemas populares, escritos por Idalzira e seus filhos Joan e José Erivan. A correspondência dos três: cartas e bilhetes que escreveram uns aos outros. Para se comunicar e para fazer arte. Comunicaram-se e fizeram arte. Na apresentação, Oswald Barroso faz um amplo e minucioso estudo desse cordel de Cedro (terra natal de Joan) e dos poetas que lá vicejaram.
Fortaleza, 1º/6/2011
Contato com joansobral@yahoo.com.br
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