O Leão e a Joia Wole Soyinka Geração Editorial |
O jovem poeta, contista, historiador e pesquisador Dércio Braúna tem interesse especial pela África, seus literatos, sua história e as relações que temos (ou deveríamos ter) com aquele continente, visto parte de nossas raízes terem tal origem. Foi ele quem me falou de escritores como o nigeriano Wole Soyinka (Nobel de Literatura de 1986), que, por ser da África não-lusófona, só agora tem seu primeiro livro publicado no Brasil.
Porém, a “conclusão” acima é mais uma provocação. Quando cito como motivo da demora do Brasil em publicar Soyinka o fato dele não ser da África lusófona, o que estou querendo é fazer várias perguntas, sendo uma delas esta: o simples fato de ser Nobel de Literatura já não garantiria suficiente “lobby” junto do nosso mercado editorial? Infelizmente, não! Se só agora ele é publicado, a minha pergunta está respondida. E isso é delicado demais, pois se valorizamos tanto esse nosso enraizamento, por que conhecemos mais a literatura européia que a africana? Outra: por que um Nobel de outro lugar valeria mais que um da África?
Como não sou acadêmico ou similar, meu interesse é mais de leitor mesmo. Daí que, se desperto alguma polêmica, minha política visa fazermos eco junto a quem precisa ouvir e acordar para essa realidade: publique-se Soynka e outros mais da África, independente de serem ou não dos países lusófonos! Mesmo que do continente não tivéssemos raízes, ainda assim valeria pela razão simples de que ali também se produz literatura e outras artes com peso suficiente e digno de leitura, de apreciação, de pesquisa, de curiosidade, de prazer.
Este seu livro O Leão e a Joia nos vem, em português e no Brasil, pela Geração Editorial, uma editora que, pelo pouco que sei, não tem o peso de uma Record ou de uma Companhia das Letras. E isso deve ter significados (detalhes) que fogem ao nosso conhecimento, mas que, por intuição, despertam uma pergunta como esta: por que essas editoras grandes não publicaram um Nobel como outro qualquer? (“outro qualquer” soou bem, não?). Não me tomem tais empresas por um censor do que seja, mas por um questionador apenas.
Mas, seja como for, o dado mais importante do momento em relação ao autor é que, além desse seu livro entre nós, ele próprio está na 1ª Bienal do Livro e da Leitura de Brasília, onde já fora homenageado. Quem sabe agora venham outros livros seus e possamos conhecê-lo em nossa própria língua. Para tanto, creio ser preciso que esse O Leão e a Joia tenha boa acolhida de nossa parte.
Vendi o peixe direitinho?
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