(Poeta Márcio Catunda)
São mais de trinta livros publicados, só de poesia. Isso impressiona, não pela quantidade, mas pelo valor literário neles indiscutível. Que se constata facilmente pelos prefácios e apresentações de grandes nomes da nossa literatura; de Ledo Ivo a Anderson Braga Horta, de José Alcides Pinto a Francisco Carvalho, de Nilto Maciel a João Carlos Taveira, (tão conhecedor dessas vozes interiores que determinam as legítimas vocações poéticas).
Márcio Catunda, quando jovem, trocou uma espingarda de ar comprimido por dois discos de sucesso na época e uma antologia poética de Vinícius de Moraes. Tal fato biográfico demonstra uma sensibilidade apurada de poeta, pois ele escolhe a forma e a exegese da sua visão de mundo: a valorização sempre da música junto com a poesia, estas asas de condor hugoanas das grandes almas dotadas de talento para o Bem e o Belo.
Certa vez, convidou os amigos para pescar poesia entre as crespas vagas dos verdes mares de Fortaleza; sonetos, rondós, idílios, trovas, poemas livres, imitando Anchieta, escrevemos nas areias brancas da Praia do Futuro, terminando a farra no Bar da Sereia. Depois, veio a chuva de poesias sobre a Praça do Ferreira, lançadas de um helicóptero. Esses episódios servem para revelar que a grandeza de um poeta começa assim: de proezas inesperadas ou originais.
A dedicação fiel a um ideal, - Santiago Naud, Ligório, Fontes de Alencar, Napoleão Valadares, Edmilson Caminha; o próprio Victor Alegria, ainda à espera do seu best-seller, constituem um bando admirável de Dons Quixotes do parnaso, vencendo moinhos de vento com a espada de Camões.
São 40 anos de Márcio Catunda servindo Labão, pai de Raquel, serrana bela... Os dias na esperança de um só dia... Mas tudo isso vale a pena, se a alma não é pequena. Grande exemplo! Parabéns, poeta!
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