Vou-me embora pra Trancoso
onde quero descansar
dessa vida de metrópole
e de gente prepotente.
Vou-me embora pra Trancoso.
Vou-me embora pra Trancoso,
fim e princípio do mundo.
Lá não tem rei nem palácios,
muito menos presidentes,
nem CPIs nem congressos
com seus discursos balofos
e a empáfia dos imbecis
com suas patifarias.
E pescarei lambaris
nas águas claras do rio
que fica um pouco distante,
pois o mar é o limite
entre o homem e o sossego.
E quando sentir saudades
de Maria ou de Joana
tenho os braços sempre abertos
de minha amada morena
a me aquecer nas angústias,
a proteger o menino...
Vou-me embora pra Trancoso.
Em Trancoso não existe
ciúmes, mágoas, vaidades
e outros sentimentos vis.
Os gozos são na verdade
feitos de espanto e silêncio
que brotam nos corações
de árvores, bichos e de homens
tão puros e enamorados...
E quando estiver cansado
de vida boa e barata
comprarei um barco a vela
e partirei rumo ao sonho
que não achei em São Paulo
nem no Rio de Janeiro
de praias, de carnaval.
Vou-me embora pra Trancoso.
(Brasília, 12/7/2012)