Como
é sabido, Schopenhauer influenciou muita gente boa nos meios filosóficos,
literários e musicais do mundo moderno. Entre suas influências mais marcantes,
podemos citar as que exerceu sobre Friedrich Nietzsche, Richard Wagner, Ludwig
Wittgenstein, Erwin Schrödinger, Albert Einstein, Sigmund Freud, Otto Rank,
Carl Jung, Joseph Campbell, Leon Tolstoi, Thomas Mann, Fernando Pessoa e Jorge
Luís Borges.
Esse homem era uma verdadeira máquina de pensar e seus
pensamentos — os mais diversos em áreas distintas — continuam vivos e atuantes
nos meios acadêmicos. E o que explica isso? Certamente sua lucidez diante dos
fatos e da vida dos seus semelhantes, sempre carentes de certezas e
confirmações dos arquétipos mais recônditos da alma. A humanidade, desde
sempre, caminha meio às cegas na luta pela sobrevivência, completamente à mercê
das intempéries e do comando de uns poucos que detêm as engrenagens do poder.
Com isso, o sistema colabora com a minoria no sentido de tornar o rebanho mais
afável dentro de um status de
acomodação cada vez mais mediocrizante. Fugir desse estigma é tarefa para
poucos. E muitos sabem disso.
Ao concluir a leitura deste livro
corajoso de Fábio Liborio, intitulado Schopenhauer
e a Estética do Desejo (Editora Wizard, 2012), ficamos com a sensação de
que desconhecíamos muitas de suas próprias descobertas. Meticuloso e atento,
Fábio Liborio percorre um caminho, se não totalmente novo, pelo menos bem
arejado e convidativo. Seu estudo é resultado de vários anos de docência e
apresenta um retrato fiel do indivíduo a partir da sexualidade proposta pelo
gênio alemão. Sexualidade esta que vem envolta
por muitos aspectos da condição humana. Dentro da visão cristalina de
Schopenhauer, o homem se utiliza da expressão amor para nomear sua pulsão ao
sexo, que tem por meta precípua a preservação da espécie. Nada mais que isso.
Já no livro A Arte de Envelhecer, o filósofo continua, por intermédio de
aforismos, suas análises certeiras em relação ao homem. Para ele, o pior dos
sentimentos é a inveja, que só encontra apaziguamento na morte, pois na velhice
só faz arrefecer, em alguns casos. No geral, vai aumentando com o passar do
tempo. E Fábio Liborio soube transmitir com sutileza estilística todas as
nuanças do discurso schopenhaueriano, dando-nos uma visão abrangente e ao mesmo
tempo sintética.
E esse é o papel que todo livro devia cumprir, mas que,
infelizmente, ainda não acontece, principalmente nos países em que as pessoas
continuam sua luta para tornar-se povo, para poder se libertar das correntes do
atraso que as mantêm pregadas ao chão com individualidade egoística e
perniciosa.
Brasília, 1.º de outubro de 2012.