Ele desejava dormir para sempre, para esquecer.
Pensou em deixar-se esvair junto aos dormentes da estrada de ferro. Lá fez sua
cama mortuária.
Esquecera-se, por um instante, que a Maria Fumaça
não mais apitava, rangia, estrebuchava, pois apagada estava. Uma moça,
que por aquelas paragens achara de atravessar os trilhos, o
encontrou sonhando com a desejada morte, com uma expressão enigmática no rosto.
O encanto se fez instantâneo. Ela o colocou no colo
e cantou cantigas de suave despertar, como bem cabe ao dia que desponta sem
pressa.
Mal nascera, pois, o dia e, quebrada
a dormência, ele se deparou com o sorriso da moça a
convidá-lo a percorrer juntos uns trechos daquela estrada. Ao longe,
o murmúrio da Cachoeira do Teotônio se fazia ouvir.
E lá foram os dois, brincando de pular dormente e
pisar nas pedras; pisar nas pedras e pular dormente...
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