(Fernando Poessoa)
Ontem
completei 68 anos. Recebi dezenas de felicitações, escritas e orais.
Entretanto, não comemoro mais o dia dos meus anos. Fico triste (não choro mais)
e mudo de assunto. “No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era
feliz e ninguém estava morto”.
Dediquei
todos esses dias a revisar Gregotins de
desaprendiz. Como tenho suado! Em meio a isso, li “Giacomo Joyce” (tradução
de Roberto Schmitt-Prym) e fiz anotações para uma notícia. Quem sou eu para
comentar Joyce?
Também
me debrucei sobre um conto imaginado (sonhado) semana passada. Dei-o por
concluído, sob o título “O terceiro dedo”. Estou com receio de publicá-lo. Pois
se parece muito com artigo, devaneio político, tese com cara de profecia, entre
disfarce e sentido oculto.
De
ontem para hoje, recebi diversas mensagens relativas ao artigo “Lirismos e
rapapés nas tardes do mundo”, estampado na Internet, no dia do meu aniversário.
A mais comovente veio de Carlos Nóbrega: “Mesmo que não falasse de mim, mas porque está nela
a própria e toda a poesia, essa é a melhor crônica que li em minha
vida. Puta merda, é muita sorte a minha! Inacreditável, Nilto!”
Pronunciaram-se também
Alberto Bresciani, Badida Campos, Marco Aqueiva, Maria Gomes, Paulo Lima,
Silvana Guimarães e Valdemar Neto. No final da tarde de hoje recebi um artigo de
Luciano Gutembergue Bonfim: análise de Menos
vivi do que vivi palavras. Uma beleza de brincadeira!
De
madrugada, havia sonhado com um escritor escocês ou inglês (assim eu o imaginei,
ao acordar), autor de um conto enigmático. Pulei da cama e corri à sala. Queria
anotar informações ainda palpáveis, para não ver tudo sumir nas brumas da
memória. Só então descobri a nacionalidade italiana de Luigi Luder (esse o nome
do ficcionista de meu devaneio), o
título de sua narrativa (“1521 d.C.”), composta de 15.210 vocábulos
(substantivos, verbos, adjetivos), no original italiano/alemão. Fiz anotações
sobre Dante Alighieri, Martinho
Lutero, Papa Leão X e outros personagens daquele tempo. São mais de dez páginas
de apontamentos. Não sei se resultará num conto.
(31/janeiro)
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