O homem real é um animal sociável. O homem ideal é um animal solitário.
Esta é uma tese que, românticos, altivos e desdenhosos, alguns poetas teriam
sustentado. A mediocridade reinante põe os homens no mesmo horizonte raso.
Diferentemente o poeta de gênio aspira por além e altura, ainda que não o
confesse. Nunca!
Voltemos às primeiras garfadas, digo, palavras. O homem é um animal
solitário, diria um poeta. Solitário, mas solidário, contestaria outro. O
impulso solitário de colaborar para a composição do grande livro universal
esbarra no anseio de integrar uma comunidade? Como é que é?! Ora, pois, são
poetas e, portanto, solitários. Nada disso! Vê-se logo que são poetas e
solidários!
Por sentir-se par dos Deuses sendo homem e par dos homens sendo Deus é
que alguns poetas existem exilados em dois mundos. Que cilada que os Deuses
armaram aos poetas! Ou terão sido os próprios poetas a quem faltaria
consciência de que integram uma imensa família? A convivência fecunda entre
poetas tem marcado a obra dos grandes poetas. É o que dizem os grandes. Não é
mesmo, Mário Manuel Pessoa de Andrade Sá-Carneiro & Bandeira?
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Publicado originalmente no Jornal Cultural O grito, dez/2012.
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