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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

quem se habilita?! (Abel Sidney)
















poetas são por excelência fazedores de infância:
a dele, reinventada continuamente;
a das crianças já crescidas e adulteradas
a exigir novo arado, nova semente; 
a das crianças pequenas e ainda a salvo
de promessas vãs, do adulto que mente...

o poeta segue sua sina de reinventador
levando consigo o menino vadio
que percorria por dias sem fim
as ruas de Paracatu e seu casario

foi neste recanto das Minas Gerais
que ele aprendeu, sem mestre, a bestar:
a ficar por ali, a observar, esperto
treinando a sensibilidade, o terno olhar

se hoje lhe chamam, por outros motivos, de besta
insiste ele em suportar no lombo a cipoada
pois para carregar no coração a gentileza
temos que aguentar, por vezes, peia, lambada

conviver com os adultos e suas estultices
(melhor traduzindo, tolice, estupidez)
é preciso mesmo evocar a infância
para ouvir de novo o "era uma vez..."

continua o poeta, ainda e sempre, uma vez
duas vezes, infindas vezes a insistir
que outros mundos, outras aventuras
temos a percorrer, a descobrir

quantas idades teremos ainda a inventar
a acrescentar nas linhas da vida?
nossa criança, se não bem cuidada
não chegará a ser amadurecida!

é sempre tempo, acredita o poeta
pra fazer menina ou menino crescer:
a começar da inteligência e do coração
graças às artes e desafios do conviver

quem se habilita, propõe o poeta
com o dedo levantado, a convidar:
quem vier por último uma prenda
pelo atraso haverá de pagar! 

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Abel Sidney -  educador / escritor 
Programa de Incentivo à Leitura e Produção Textual Livro-Carta-Mural
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