“... Mas o que, /
então / antes que tudo nos tomem, / é o homem?” (W.J. Solha)
Lembro-me de W. J. Solha nos anos 90, e das suas
obras exposta no hall do Banco do
Brasil, em João Pessoa. Sempre admirei o seu trabalho artístico e a sua
capacidade criativa. Já na época me perguntava qual seria o seu limite. Hoje,
lendo algumas de suas obras literárias (História
Universal da Angústia, Sobre 50 livros que eu gostaria de ter assinado e Esse é
o Homem), percebo que o seu limite é onde a imaginação o alcança na linha
do horizonte.
Essa pergunta provocativa norteia a vida literária e artística de W. J. Solha, onde seu desejo é o mais consciente sentimento, porque forma a teia de expectativas que aos poucos alastra a sua alma para alcançar ou ultrapassar o seu limite.
Faço dessa pergunta o mote para as intervenções
e, com ousadia, endosso suas obras literárias pela excelência de sua
criatividade e linguagem em sua postura inquieta ao explorar ao máximo a sua
produção e elevar a imaginação do leitor. Ele chega ao seu limite quando inova
na arte brasileira, “... ou arte, / cujo
fim põe o arremesso, / o começo, / onde se sabe – sem – receio – estar a
verdade: / no meio...”
Algumas pessoas são metamorfoses ambulantes em
busca de seus limites; tornam-se incomparáveis e têm suas quebras de paradigmas
em áreas que transcendem ao cotidiano. Solha é uma delas, porque possui alto
grau de conhecimento e cultura. E, assim, ele altera a visão do mundo, para
revelar o seu limite de forma brilhante. É perfeito artista que faz referências
à épocas e fatos; mostra os rastros do tempo no espalhar suas palavras ao vento
e o seu limite no modo como re(a)presenta os símbolos da linguagem: atemporais
e universais. Sua descrição e composição estão ancoradas na imaginação para com
a feição literária, “... também público e
notório que o Homem, / quando se junta, / forma outro Ser Provisório, / vivo ,
/ complexo, / horrível, formoso, / que pode ser chamado, / com propriedade, /
de o Povão... Misterioso...”
Até que ponto W. J. Solha tem consciência de que
está no seu limite? Seu pensamento expressa a construção das palavras, dos
sentidos e do viver e exercer a sua humanidade. Também, penso que o seu limite
está atrelado à inúmeras páginas de experiências e rascunhos de ideias, com os
quais pode reescrever os mistérios da vida.
Para Solha, criar é um dos segredos para a
constante mistura da satisfação e limite, que o consome com a certeza de mudar
a realidade (tão complicada que é). Essa realidade que, ao mesmo tempo em que
provoca a nossa exaltação, em definitivo, não nos permite conceber a vida sem
estarmos abraçados ao nosso limite. Em suas palavras, “... Mas o drama que nos irmana / é que o homem pode até fazer o que
quer, / com este poema, / uma ode, / mas querer o que quer, / não pode...”
Para saber qual é o nosso limite, basta não
desistirmos dos ideais e das ideias, que é na diferença que crescemos e nos
transformamos, sempre atrás das obras literárias que nos fascinam por ultrapassarem
os limites do nosso cotidiano, ao misturar as vozes que tecem e entrelaçam as
trajetórias limítrofes. Para Solha, “... A
vida – tão previsível quanto incompleta – / precisa, / de vez em quando, / de
um gol olímpico / ou de bicicleta...”
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