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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Viajante (Clauder Arcanjo)

“Esses homens talvez morram com uma tremenda quilometragem a seu crédito, mas nunca foram a lugar nenhum”. (E. B. White, em Aqui está Nova York)


Quando criança, o choro. Chave para subir nos braços da mãe e caminhar. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.
Jovem, a decisão: pé na estrada. A descobrir novos horizontes, segredo para entrar nos céus de outras cidades. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.
Adulto, a escolha do meio de vida: viajante. Com a bolsa de produtos a tiracolo, a descobrir clientes. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.
Hoje, cansado, olhos baços postos nos chinelos puídos, e uma dor no peito magro. Preso no asilo, e com a cadeira de balanço a ringir, ao sabor da monotonia. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.

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