A vida é longa – às vezes
a vida é curta –
sempre
a memória dura.
Na parede, um
retrato – tantos nomes, tantos rostos,
bigodes, barbas,
bonés, tudo o mais.
No coração, o
verso de Manuel Bandeira:
“A vida inteira
que poderia ter sido e que não foi”.
(Serão os sonhos
abortados dos nascidos no pós-guerra?)
É tudo memória.
(Nada de novo
perto do sol.)
E nasce o dia –
caminhas: verdes, mangas, jacas, amoras, pássaros cantando,
E uma criança
sorri para ti.
A vida
inelutavelmente finita – ela é assim mesmo, sem (mais) sonhos napoleônicos.
Há algo maior do
que este naufrágio.
Há?
“Tudo ressurge
quando tem calor”.
(Miguel Torga)
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