Regina Lyra é uma poetisa encantadora e encantada. Conhecemo-nos num
encontro rápido em evento cultural na cidade do Rio de Janeiro. Foi o
suficiente para me enamorar da poetisa e de seus poemas. Seus versos falam do
amor, das amizades, da vida, do verbo e dos demônios que nos atemorizam. Mas
falam, sobretudo, do amor, esta chama eterna que move o mundo e norteia os
passos da Humanidade.
O encanto e o desencanto do amor constituem a tônica dos seus versos. Em
seu novo livro Tempo de Encanto, a
autora afirma em ‘Acontece’: "A flor do pecado / ama e acalma, / depois
deixa louca / – sem calma".
Sua sensibilidade aflora à flor da pele, em cada palavra, em cada verso.
Ousada, solta suas emoções em seu versejar. Ela mesma confessa: "Sinto
cada toque / Sinfonia de Beethoven, / no canto do beija flor".
O verbo é o forte dessa poetisa. Usa as palavras com precisão e com
economia de quem sabe o tempero dos bons poemas. E canta a vida e canta o amor,
mas, também denuncia as mazelas do homem em a ‘Cidade bela’ com seus problemas
sociais, o abandono da periferia e a população marginalizada...
O erotismo em Regina Lyra é algo permanente, pulsante, estonteante. Não o
erotismo banal, mas aquele próprio da gênese do ser humano.
Traduz beleza poética, síntese da vida e da vivência desde o princípio até o final dos tempos – a perfeição da natureza.
Enfim, Regina Lyra é uma alquimista do versejar de qualidade. Na alquimia
da vida, na intensidade dos raros perfumes literários, na mistura dos
feromônios x & y é capaz de transformá-los no melhor afrodisíaco jamais
inventado.
Tempo de Encanto é nada mais, nada menos que um
livro de poesia impregnado de sinfonia musical – daqueles concertos raramente
audíveis nos tempos modernos.
É ler e conferir.
Vila de Noel, RJ, 25 de abril de 2004.
*Edir Meirelles: Poeta, contista e romancista.
Ex-presidente do Sindicato dos
Escritores do Estado do Rio de Janeiro.
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