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quarta-feira, 5 de março de 2014

O maior experto da Literatura do Ceará (Vianney Mesquita)



(Rafael Sânzio de Azevedo)
  
A profissão de escritor é, consoante a maneira pela qual se exerce, uma infâmia, um passatempo, um ofício, uma arte, uma ciência ou uma virtude (A.W. Schlegel Hannover, 10.03.1772; Dresden, 11.01.1829).

 No nosso trabalho subordinado ao título Resgate de ideias – estudos e expressões estéticas (Fortaleza: Programa Editorial da Casa de José de Alencar, da U.F.C., 1996; 192 p), procedemos a comentários fugazes respeitantes à obra Aspectos da Literatura Cearense (1982), do polígrafo coestaduano Sânzio de Azevedo, trazendo ao público ledor pontos ainda obscuros ou ainda pouco mencionados (há 32 anos) pela regular bibliografia em curso, até então, a respeito das letras no Ceará.

Doutor em Literatura, este polimático docente da Universidade Federal do Ceará - e que enverga pelerine da Academia Cearense de Letras – subscreve dezenas de obras literárias, desde a estreia, em 1962, com A Terra antes do Homem, nos seus variados esgalhos de estudo.

A despeito de sua mocidade (quando dos mencionados escólios, preparados logo após a publicação da obra de S. de A., em 1982, ele contava apenas 44 anos), já se postava como ensaísta reconhecido e respeitado em todo o País, colunista sabatino e dominical de periódicos de Fortaleza-CE, onde registou parte da história da nossa literatura e, ainda hoje, pesca no passado incompletamente devassado os aspectos desconhecidos do publico atual, intocado pelo pesquisador.

Os enganos, falácias e dúvidas dos historiógrafos temáticos, a pouco e pouco, se dissipam, mercê da diligência de autores da estatura do Prof. Dr. Sânzio de Azevedo, o qual demanda concertar, pela identificação de fatos novos no sombrio pretérito, a historiografia literária do Ceará, distinta parcela do acervo literário nacional.

No tempo do lançamento dos Aspectos, éramos o gerente, para a Universidade Federal do Ceará – Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, do Programa de Incentivo à Capacidade Editorial das Universidades Federais – PROED, do Ministério da Educação, o qual, em convênio com a Academia Cearense de Letras, editou o mencionado volume, o qual preenche claros no exame das letras neste Estado, servindo de orientação àqueles que demandam o conhecimento da nossa literatura e de sua história, feitas componentes do todo nacional.

É extensa a obra de Sânzio de Azevedo na seara do ensaio, da historiografia de letras e na poesia – sonetista que é da melhor crase e bardo também noutros tabiques formais de composição, porquanto conhecedor em profundez dos expedientes de versejar.

A qualidade científica de seu acervo é inconcussa, pois assentada em uma formação humanística resistentemente sólida para conferir essa garantia, transitado que foi esse Escritor pelas melhores escolas, bem assim no uso e bom vezo da autodidaxia constante.

Em tais circunstâncias, experimentou haurir não apenas conteúdos das Humanidades, como também se escolarizou na seara de teores sociais do saber, da Filosofia e, entre outras vertentes do conhecimento, de História Natural e Paleontologia, prova do que é a temática de seu há pouco mencionado trabalho de estreia – A Terra antes do Homem.

Procedente de grupo familial de linha culta, Rafael Sânzio de Azevedo é nosso maior doutrinador de história literária, sobre ser, também - consoante mencionado alhures - excepcional poeta. Ele substituiu, magnificamente, por exemplo – e até com melhores condições, pelo fato de haver desenvolvido programas formais de mestrado e doutorado – os mestres Dolor Barreira (*Solonópole-CE,13.04.1893; Fortaleza, 30.06.1967)  e Otacílio dos Santos Colares(* Fortaleza, 01.09.1918; 06.04.1988), nos misteres de gravar, com absoluta fidelidade aos pressupostos científicos, os feitos da nossa arte de escrever nos mais variegados gêneros.

A produção multímoda de S. de A. é repositório fidedigno do pretérito cearense no vasto campo elegido para doutrinar, pelo que se faz referência compulsória em qualquer estudo de propósito feito para historiar, analisar ou meramente mencionar o presente e o tempo transato das marcas deixadas nos carreiros do beletrismo cearense.

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