“Passado o
futuro: tantas máscaras /
o que dizer
de um mascarado sem máscara? /
ou de uma
máscara (Real)?”
(Pedro Du
Bois)
Anônimo é
aquele que não revela seu nome; dentro de suas características encontramos
aquele que “faz o bem sem saber a quem”, e aquele que não enfrenta
o sentimento, com medo de viver e usa a máscara para se esconder num mundo
obscuro, sem perceber quando em determinado momento da sua vida se aproxima da
verdade das pessoas. Segundo Alberto da Cunha Melo, “Anônimos //
Bem-aventurados os mitos, / em seu tranquilo anonimato, / que sequer se sabem
anônimos, / como a moldura de um retrato...”.
O anônimo
ressalta a diferença em algo que costuma afetar negativamente a sua vida: sua
intenção é estar alerta em relação à sua pessoa e ao seu anonimato, porque
conviver entre eles é desafio que pode se transformar em agradável, ou não,
revelação. Como em Pedro Du Bois, “... somos máscaras sobre o rosto /
sem despertar suspeitas / personagens ambulantes / desempenhando papéis
menores”.
Quem saberá
os limites da vida em face oculta? O anônimo que fere as palavras esconde o
tempo e impede de ser reconhecido. Escuta “cantos onde há gritos e se
diz maravilhado” – nos surpreendendo com seu falso lado, ao se
apresentar de maneira detalhada, deixando de ser quem é, ao revelar sua falta
de coragem para se identificar e assumir sua postura, sem deixar as
palavras caírem no chão. Nas palavras de Alphonsus Guimaraens
Filho, “... Toma coragem, vai buscando a face / mais oculta das coisas,
de onde nasce / a luz que restará inapagada”.
No
anonimato, nunca sabemos qual relato nos dá a verdade dos fatos; o sentido do
desejo; as histórias – passado ou futuro; as ameaças pela solidão; mas a vida em
longos passos mostra ser inevitável esquecer que o anônimo pode se tornar amigo
ou inimigo, e que o momento revivido é marcado pela boa ação e ameaçado pela
má. Ficando a reflexão de Pedro Du Bois, “o que dizer de um anonimato
sem máscara?”
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