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segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

A desilusão de Jonathan Swift (Nilto Maciel)



O menino espirrou para a vida e sua mãe sorriu. O pessoal da maternidade também não se conteve e desatou a rir. Num instante, os sorrisos se transformaram em risos incontroláveis. Mais um minutinho e todos gargalhavam.

O pai do bebê, absurdamente, encheu-se de cólera e chorava, amaldiçoava-se, arrancava os cabelos. Incompreensivelmente ainda, impediu que sua mulher atirasse o menino ao chão e expulsou da sala de partos os médicos e as enfermeiras. Não, não admitia que se cometesse um crime daqueles. 

Diogo Fontenelle: um topógrafo da poesia (Nilto Maciel)


À primeira vista, parecerá que as palavras são excessivas no livro Enquanto o céu não cair, de Diogo Fontenelle. Logo, contudo, estará evidente o engano. Uma palavra a menos, e toda a sua estrutura poética estaria desfeita. Assim, não se há de falar em depuração de linguagem, em desbastamento. Trata-se de um estilo, uma maneira de transportar para o código da escrita a poesia que jorra farta. Toda essa justificação não invalida, entretanto, a crítica segundo a qual a Diogo Fontenelle falta certo cuidado na laboração do poema. Seria o caso de reescrever alguns versos, não se deixar encantar pela aparente simplicidade formal.