A poesia de Aidenor Aires apresentada em Lavra do Insolúvel é um misto de telurismo goiano e de universalismo: os rios (“Aqui tudo infunde passado / até o rio corre / como se fosse arrastado”); a fauna (“O boi é apenas sangue fluindo”); a flora (“Entre os seres humildes/ da floresta / acendias o alto facho/ de teus ramos verdes/ e da terra suprias tua fome/ e a mesma terra morna/ nutria tua sede”). Pode-se até falar de um regionalismo pós-regionalismo. Tudo construído com a melhor ferramenta da arte poética, voltada para as grandes dores do homem: do primitivo aos catadores de ouro.
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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006
Mimo (Nilto Maciel)
Moisés se enfeitou de bigodes e gestos para impressionar as multidões que o aguardavam ciosas feito fêmeas. Calçou as grandes botas de ferro e ordenou aos pajens se ajoelhassem para o polimento. Tirassem a ferrugem toda. Como para adorar as sombrias pernas do Chefe, curvaram-se todos apressadamente, fazendo estrondar o chão. Alguns ainda se lembravam do ritual. Outros, de tão velhos ou de tão jovens, amassaram as magras e caludas mãos no espelho do piso e fizeram sangrar as línguas ressequidas. Os muitos anos de sossego no Armário dos Calçados deixaram envelhecidas as botas. Quase irreconhecíveis. A memória dos antigos pajens, porém, acordou de súbito e as rejuvenescidas botinas caminharam pesadas debaixo do Chefe. O óxido se lhes havia acumulado feito lixo.
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