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sexta-feira, 15 de setembro de 2006

As luvas de Vulpino (Nilto Maciel)



Quando desapareceu das ruas (e seu passo pesado e cadenciado de autômato deixou de ser medido com os olhos até dos mais velhos), a criançada nem percebeu, mas já brincava mais sossegada. Recolheram-no as autoridades da nova segurança, psiquiatras, algum padre caridoso, damas unidas da beneficência.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Antropofagia (Ubiratan Teixeira)



 
Volto a ler o "Manifesto Antropófago" de Oswald de Andrade, aquele do Ano 374 da deglutição do bispo Sardinha de maio de 1928. E diante do vibrião do cólera e da cólera do Collor, assimilo de modo diferente esta sentença: “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses”. Oswald sempre foi sensato; insensato, os outros.

Então dá para entender Nilto Maciel acima do seu trivial de prosador, quando ele acrescenta ao seu currículo esta coisa grandiosa: “Só às portas do vestibular conseguiu ler dez páginas sobre o pensamento grego, onde o jornalista falava de Sócrates, Platão e Aristóteles, além de meia dúzia de nomes de boa pronúncia.
– Havia Apolodoro?”