“Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo que ainda não me restabeleci completamente. Das visões que me perseguiam naquelas noites comprimidas umas sombras permanecem, sombras que se misturam à realidade e me produzem calafrios”, assim o escritor alagoano Graciliano Ramos começa o magistral romance Angústia, que conta à história de uma personagem miserável, vivendo numa das cidades nordestinas e vítima de todas aquelas desgraças circunstanciais. Graciliano costuma ser lembrado como o autor de Vidas secas e São Bernardo, livros que retratam a amargurada vida rural do povo nordestino, mas é Angústia a sua melhor obra. Nesse livro, ainda é o meio agreste que serve de pano de fundo para a narrativa, mas o drama se desloca do espaço social para o psicológico, onde é exposto o conflito íntimo do personagem-narrador Luís da Silva, humilde funcionário de repartição, a quem as dívidas e um ciúme doentio empurram para o crime.
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quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Babel (Nilto Maciel)
ela estará sentindo as piores dores
era um peru de grandes cristas vermelhas que eu criava desde pequeno
fingirei estar por demais nervoso e preocupado e fumarei alguns cigarros
e eu gostava tanto dele que lhe dei o nome de minha mãe
ela dirá que não agüenta mais, que é preciso ir
eu já vivia só
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