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sábado, 18 de setembro de 2010

Pele e osso: Carta ao Brasil (Tânia Du Bois)

“I

Te escrevo Brasil / com o osso / mais velho / que te sustentou.

II

Te escrevo / no olho da luz / antes da primeira / fome / com a fome / de tua boca...

VI

Te escrevo / com o berro / de qualquer coisa / com o coice / que devastou no ar /

perseguição da palavra / para tamanha / falta de vida

VIII

Te escrevo / com o couro / aninhado / na balas / com a bala / fugida / da ignorância /

com o estouro / dos miolos

IX

Te escrevo / com o sol / esvaziado sobre os ossos / com a corda / do soluço

XIV

Te escrevo / porque somos / tua própria / geografia

XV

Te escrevo / porque ardemos / nas veias / de tua / indecisão

XVI

Te escrevo / porque / já não és / um gemido / de mundo / mas o próprio / mundo /

a apalpar-se / em nós."

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Estado Novo no Brasil e em Portugal (Adelto Gonçalves*)

I

Tanto no Brasil como em Portugal a República reinstalou a instabilidade política, depois de uma fase sem golpes, quarteladas e outras formas de manifestação política fora dos meios institucionais. Nos dois lados do Atlântico, caminhou-se em direção a sistemas ditatoriais, ambos denominados da mesma forma: Estado Novo. As semelhanças, porém, param por aí, como mostra o professor Leonardo Prota, doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho (UGF), do Rio de Janeiro, e diretor-executivo do Instituto de Humanidades, de Londrina-PR, em seu ensaio “Estado Novo no Brasil e em Portugal – características distintivas no processo de constituição”, apresentado durante o VIII Colóquio Antero de Quental, cujas atas foram reunidas na revista Estudos Filosóficos, do Departamento das Filosofias e Métodos da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ)-MG, nº 3, julho/dezembro 2009.