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terça-feira, 19 de abril de 2011

Lua (Carmen Silvia Presotto)



Entra...
tua sombra me tecerá ao natural.
Entra lua...
me dilui tua brocada teia.
Vem...
Lua Poesia
balsâmicas mãos ao meu baú de ossos.

Vem...
sorve meu sangue
e com tua carne,
sejamos disfarces entre mil leituras.

Lua Poesia
sou música
sou anjo
ou Quixote

Teu ser me venta
nuvem
e desintegro em luz

Lua Poesia
da Morte, sou tuas asas...
dos dias,
entre moinhos e penas,
contorno
e sombras,
jogos de sempre...

No Sena
e rios do amanhã
resenha entre mãos
bailaremos
a um Cer(a) vante.

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Crônico (Ronaldo Monte)


Pesa sobre os cronistas a acusação de só falarem dos próprios umbigos. Considero isto uma injustiça. Todos os estilos literários são umbilicais. Poetas, contistas, romancistas, bons ou maus, todos eles falam disfarçadamente de seus umbigos. Escondem-se atrás de um “eu-lírico”, de um “narrador”, de um “fluxo de consciência” experimentalista, mas, no fundo, suas atenções sempre estão voltadas para aquele botão espetado no meio de suas barrigas. Na crônica isto fica mais à vista por conta da urgência com que ela é escrita. Geralmente da mão pra boca, sem muito tempo para tapeação.