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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O anão de Ronaldo Monte entre verbos e substantivos (Nilto Maciel)



(Ronaldo Monte)

Semana passada, recebi visita de Ronaldo Monte. Mora em João Pessoa (natural de Maceió) e veio a Fortaleza, com outros psicanalistas, para um encontro científico. Vinha da Europa, mas não se mostrou (porque não deve ser) enfatuado, não falou insistentemente em Paris, Roma, Londres, como o fazem alguns viajantes que vêm me causar inveja. Para lhes barrar os desígnios de malvados, tomo a palavra e me ponho a contar passeios pelos arredores da Torre Eiffel. Então eles se calam ou mudam de assunto: Cansei, Nilto, de tanto viajar pelo velho mundo. Agora é voltar para o Benfica, ler meus livrinhos comprados no sebo e sonhar com a glória literária.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O luxo da memória (Ronaldo Monte)



(Igreja de Água Fria, no Recife)


Para Carlos Aranha

Estava ouvindo Handel no som do carro e de repente tive uma experiência rara. Me veio a lembrança das manhãs de domingo em Água Fria, o primeiro bairro em que morei no Recife. Bem cedinho, os fiéis eram chamados para a missa ao som da música mais bonita feita para o louvor de Deus. Eu não ia à missa, mas acordava feliz com a harmonia barroca que me prometia um longo dia de folga com direito a ver as moças passando para a igreja, um almoço melhorado e uma matinê com filme de caubói ou uma comédia com Jerry Lewis. Até hoje agradeço ao Cônego Jaime Diniz, pastor da paróquia de Água Fria, por me ter dado de presente esse conjunto de imagens que emerge em minha memória toda vez que ouço a música triunfante de Handel.