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sexta-feira, 29 de março de 2013

Eutanásio (Homero Gomes*)





Nunca fui ao proctologista. Só esse nome me dava arrepios. Na sala de espera, parecia que todos olhavam para mim, acusativos. A culpa é toda sua. E a presença de minha filha piorava a vergonha. Mas o jeito era prever o pior. O teste do PSA tremulava nas mãos nervosas.

Há dias estava com dificuldade para urinar. Quando saiu sangue do dito cujo é que procurei um médico. Dizem que isso é coisa de homem. Você se diz machão, mas se arreganha todo quando entra num hospital.

quinta-feira, 28 de março de 2013

“Esconderijos” (Tânia Du Bois)




Esconder-se? Esconder o que os olhos não veem? O que o coração sente na saudade, como a lembrança em busca da incerteza da vida? Que vidas podemos esconder, se cada vez mais ela está à mostra para quem quiser ver, sentir, optar e até mesmo para amar ou sofrer?
            
Nilto Maciel em seu poema Esconderijos retrata a realidade triste que só fica escondida quando nos fechamos para ela: “No corredor o que fazia a infanta? / Por que não ia, não fugia logo / ou não gritava ou não chorava muito?... // Não sou parede ou árvore de Deus, / não tenho ouvidos e não vejo nada, / nem sei me conduzir por onde passo, / e nada posso desejar por elas, / as tais meninas nos esconderijos”.