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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Made in Lilliput (Luiz Martins da Silva)


















Guardo, no meu quarto, mas já sem pilha,
Jaz, lá, esse trambolho que um dia tanto
Prometeu, vindo das nuvens, doce maravilha,
Deslumbre, mas, logo, no prego, desencanto.

Logro, fiar-me em alegrias deste mundo
De inutilidades para ingênuos viajantes.
Eterno amador, de boa fé, bem que eu fui ao fundo,
Por um triz, fui feliz, mais que um neto de Arcanjo.

Oh! Meu Senhor! Quanta gente há, fingida.
Cretinos! Vendem alegrias para toda uma vida.
Antigamente, pelo menos se dava uma corda.

Hoje, brinquedos digitais, caleidoscópicos,
Sonoras companhias, música, animação,
Para logo dormirem, inertes, num montão.

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terça-feira, 16 de abril de 2013

Bolaño em fuga (Paulo Lima)




      
Henrique Silva Montalbán é um brasileiro vivendo na Espanha. Nesse dia ele está com pressa, só tem meia hora para chegar a uma livraria na Calle de las Flores, numa ruela cercada de árvores no centro de Madri. Há dias ele tinha encaminhado um e-mail para seu pai Juan Montalbán, no Brasil, avisando que não ia demorar em comprar um livro sobre o escritor Roberto Bolaño e despachá-lo num prazo curto. O pai queria atender ao pedido de um amigo, o livro só estava à venda na Espanha. Mas o tempo foi passando, e, forçado pelo ritmo insano do cotidiano madrilenho, Henrique Silva Montalbán não pôde cumprir o prometido. Agora a tarde caía tão rapidamente como um meteorito. Henrique Montalbán não queria dar uma nova desculpa.