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quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Alerta (Hilda Mendonça)






 

O Alerta foi dado. A Vela ainda acesa. E um alerta requer certo cuidado. Tenho em mãos o livro do advogado Charles Pereira, vice-presidente da Escritores & Companhia, O Alerta. A curiosidade despertada, examino a capa, confecção gráfica impecável (Com cara de best-seller!). Vejo uma vela acesa, certos planos piramidais de fundo induzem ao mistério. Nas orelhas, citações bíblicas já nos dão um pouco a direção do fio condutor que envolve o romance. Embora obra de ficção, este Alerta nos leva a repensar realidades que estão a ocorrer no dia a dia da humanidade e à reflexão sobre os fins dos tempos. Trata-se de um romance de 190 páginas, com boa diagramação, editado em 2011 pela All Print-Editora, do autor Charles Pereira. Charles não se deixou prender a superstições que rondavam o imaginário popular sobre o terceiro Milênio, contudo não consegue fugir totalmente às indagações do tema.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Waldemar Solha e o poema cósmico (José Mário da Silva*)



(Esse é o homem)
                Waldemar José Solha, escritor paraibano, é uma espécie de intelectual a que na falta de rótulo mais apropriado poderíamos classificar como performático e transfronteiriço, tantas e tão diversificadas são as áreas em que ele atua e sempre com invulgar competência. Poeta, romancista, ator, dramaturgo, ensaísta, roteirista de cinema, pintor, Waldemar Solha, pluridimensional, é, sobretudo, um inventor de linguagens. Na ficção propriamente dita, já nos tinha brindado com livros como A Canga, Zé Américo foi princeso no trono da monarquia, A Verdadeira Estória de Jesus, Relato de Prócula, dentre outras obras emergidas de uma imaginação sempre pródiga em construir sistemas romanescos marcados por forte diálogo com a história, no qual a tonalidade crítica, não raro portadora de incursionamentos paródicos, ocupa o primeiro plano da diegese. É que, para Waldemar Solha, em ampla sintonia com o que postula Antonio Candido em seu clássico ensaio A Literatura e a Formação do Homem, o fenômeno literário, sobre ser uma modalidade especial de manifestação do conhecimento acerca da realidade mais profunda dos seres e das coisas, é, também, exercício de fantasia criadora e intervenção crítica no real, de modo a revelar as suas fraturas internas e colocar em crise os mascaradores subterfúgios produzidos pelo discurso ideológico. Da ficção, Solha, surpreendentemente, rumou para o território da poesia e deu à luz a uma impressionante trilogia de poemas longos, desgarrados, verdadeiramente torrenciais, em cujo estuário as palavras, sentenças, imagens, conceitos, ritmos, acumpliciados, cumulativamente, num processo de colagem linguística desmedida, assumem, frequentemente, uma atmosfera inescondivelmente surreal, fantástica, libertária, êmula das hierarquizações exatizantes e das demarcações mais ortodoxas dos gêneros literários. Se, com a irrupção da estética romântica os gêneros da literatura assumiram-se dominantemente híbridos e rasurados, os poemas-cordilheira de Waldemar parecem seguir nessa direção aberta, múltipla, quase anárquica, que, no limite, parece ancorar-se no porto de um grito e no cais de um urro poético, que se pretende inteiramente (des)classificados, comunicação total e caotizada, que exige do leitor, que se propuser a enfrentar o (anti)enredo destes poemas caudalosos – Trigal com Corvos, Marco do Mundo e Esse é o Homem – a paciência, a paixão e a cumplicidade com o poema cósmico. Poema cósmico que Waldemar Solha extraiu dos escaninhos da sua razão e sensibilidade. Uma nota final acerca poética macrotextual engendrada por Waldemar Solha: a enorme erudição imanente a quem, com Fernando Pessoa, “deixou ao cego e ao surdo a alma com fronteiras e quis sentir tudo de todas as maneiras”. E o fez nas asas de um pássaro infinito chamado leitura.
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*Docente da UFCG, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba.
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