O Alerta foi
dado. A Vela ainda acesa. E um alerta requer certo cuidado. Tenho em mãos o
livro do advogado Charles Pereira, vice-presidente da Escritores &
Companhia, O Alerta. A curiosidade
despertada, examino a capa, confecção gráfica impecável (Com cara de best-seller!).
Vejo uma vela acesa, certos planos piramidais de fundo induzem ao mistério. Nas
orelhas, citações bíblicas já nos dão um pouco a direção do fio condutor que
envolve o romance. Embora obra de ficção, este Alerta nos leva a repensar realidades que estão a ocorrer no dia a
dia da humanidade e à reflexão sobre os fins dos tempos. Trata-se de um romance de 190 páginas, com
boa diagramação, editado em 2011 pela All Print-Editora, do autor Charles
Pereira. Charles não se deixou prender a superstições que rondavam o imaginário
popular sobre o terceiro Milênio, contudo não consegue fugir totalmente às
indagações do tema.
Há um escritor nascido em
Passos e que se assina João Passos, que também escreveu um livro profundo nesta
linha: Os seis últimos dias, se não
me falha a memória, pois já o li há algum tempo. Contudo, este Alerta
de Charles Pereira não usa a pesquisa com documentos comprobatórios, como o
caso de João Passos. Charles Pereira conseguiu, com este seu Alerta, construir uma trama bem
amarrada, mantendo fidelidade ao tema proposto do início ao final, o que nem
sempre é fácil, e arrematar o livro com a consciência de dever cumprido.
No capítulo 1 é interessante a
descrição da cidade, não sei se imaginária ou real, pois em obra de arte às vezes
nos perguntamos onde começa e termina o real ou o imaginário, tomando como real
aquilo que de fato existe. Do momento em que o autor apresenta um fato ou
cenário, ele existe, então perguntamos: o que é real na arte literária?
O livro O alerta nos apresenta o personagem Josué, advogado, profissão que
Charles conhece tão bem, visto que também é advogado. Josué encantou-me sobremaneira, não sei se o
fato de trabalhar em uma mineradora, sempre admirei essas pessoas de
mineradoras e hidroelétricas, por achar que são ocupações de muita adrenalina.
Josué já me é simpático de início, e é naquela noite alegre de Réveillon que
tem início o mistério, mistério esse que mudaria a sua vida e a de muitos que
com ele conviviam. O personagem Josué, ainda naquele torpor de que se lhe
acometeu, naquela noite de Réveillon, ouviu misteriosa voz a dizer-lhe: “Estás
no celeiro de meu pai”. A partir daí, o texto muito bem delineado, vai
envolvendo o leitor e todo autor sabe que o leitor, uma vez “fisgado”, não mais
o abandonará.
Depois deste acontecimento, ou
seja, aquele estranho episódio, que não vou entrar em detalhes, para não me
antecipar ao leitor, fatos estranhos ou nem tanto, pela habilidade do autor,
preparam-nos para mais e mais acontecimentos inesperados. A trama flui
habilmente e muito bem amarrada, e são ações e mais ações que nos remetem a
certo realismo fantástico, entre ficção e realidade, na trajetória de Josué que
nos leva a segui-lo até o final proposto.
O
alerta não é um livro que se propõe religioso, no entanto, é todo
ele recheado de religiosidade, em que o autor está muito seguro do que diz, como
se para isso houvera se preparado por longas datas, mesmo sendo uma pessoa
jovem.
Não vou aqui me imiscuir em
recontar a história, pois isto Charles já o fez com mestria, e tiraria a
surpresa do leitor. Posso dizer, entretanto, que valeu por mais esta
experiência de leitura que me levou a muitas e salutares reflexões.
Charles Pereira é passense,
advogado e o vice-presidente da Escritores & Companhia.