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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sobre “Como me tornei imortal” (Sânzio de Azevedo)



            (Sânzio de Azevedo, poeta, ensaísta, historiador e professor de Literatura Brasileira)

Caro Nilto Maciel:            
Muito obrigado pela oferta do seu livro Como me tornei imortal que, antes de tudo, está belíssimo graficamente, como eu já disse à Albanisa. Obrigado também pelo capítulo sobre mim, altamente generoso. Senti falta apenas de uma alusão às cartas que trocamos, eu em Fortaleza e você em Brasília. No capítulo sobre o Raymundo Netto, flagrei uma pequena falha da sua memória: O Raymundo viajou a Aracati numa kombi comigo e com o Salgueiro. Foi quando o vi pela primeira vez. Bom, obrigado mais uma vez.
(...) Vivo me gabando de quase só escrever sobre defuntos, e defuntos muito antigos, mas, lendo seu livro, vejo que tenho interagido com um bocado de gente viva: fui amigo de Moreira Campos, sobre quem escrevi antes e depois de sua morte; escrevi um ensaio sobre um livro inédito do Francisco Carvalho, A Barca dos Sentidos, que ele terminou pondo como introdução do volume; prefaciei os 20 Sonetos do Amor Romântico do José Alcides Pinto, meu grande amigo; sou amigo do Caio; fui professor do Batista de Lima na Faculdade de Filosofia do Ceará; não era amigo do Gilmar de Carvalho, mas hoje posso dizer que sou; fui orientador do Carlos Emílio, uma façanha da qual me admiro até hoje; Adriano Espínola é um dos grandes amigo de hoje; Floriano Martins me entrevistou; Dimas Macedo já pôs epígrafes minhas em livros dele, e eu lhe dediquei meu último trabalho sobre a Padaria Espiritual; do Pedro Salgueiro, meu grande amigo, prefaciei O Espantalho; Dimas Carvalho foi meu aluno na UFC; do Poeta de Meia Tigela prefaciei o último livro, de título bastante complicado; Raymundo Netto é meu amigo; Carmélia Aragão foi minha aluna no Mestrado da UFC; Clauder Arcanjo fez uma entrevista comigo na revista Papangu, e no seu Novenário de Espinhos há um texto meu. E já escrevi sobre Nilto Maciel. E parece que esqueci o Virgílio e o Luciano Maia, que não estão no seu livro...
(...) Não  creio que haja problema na transcrição do que escrevi. Quanto à viagem a Aracati, seu engano foi apenas em falar na ida, quando, segundo eu soube, você veio com o Raymundo na volta. Mas é isso aí. Nem lembro o que escrevi, mas o que escrevi escrevi ("Quod scripsi scripsi"), como dizem que Pilatos disse...

Abraços. Sânzio de Azevedo 

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Ninguém conhece um país assim (Enéas Athanázio)

(Cendrars por Modigliani)

                                                                                  
Como é sabido, a França fascinou gerações de intelectuais brasileiros e para muitos foi a segunda pátria ou a pátria intelectual. Mas, em sentido oposto, o Brasil também tem exercido forte fascínio sobre intelectuais de língua e formação francesas, como foi o caso do franco-suíço Frédéric Sauser, que adotou o nome de Blaise Cendrars (1887/1961), apaixonado pelo nosso país, sobre o qual muito influiu e, em contrapartida, foi influenciado pelo resto de seus dias. Misto de escritor, poeta, aventureiro e andarilho, ele se ligou ao Brasil de forma definitiva e foi um de seus grandes divulgadores na Europa. Só não realizou mais porque as circunstâncias não o favoreceram.