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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Os Cegos de E. Berliner (Mariel Reis)



(Varal, 2012; óleo sobre tela , de Eduardo Berliner).

Não há esforço interpretativo, se podemos apontá-lo, ele é inibido pela perigosa cadeia que liga indivíduos que frequentam as mesmas livrarias, salas de cinema e o mesmo círculo de amigos. E para não ofendê-los com suas opiniões, se possuem alguma, estes localizam sobre a superfície da obra aquilo que lhe é menos característico e individual, investindo todo seu esforço para exaltá-lo como condensador das supostas qualidades do que veem; e se acompanharmos ponto por ponto o que ali está dito, certificando-nos de checá-lo minuciosamente, tristemente perceberemos que, em se tratando de pintura, solicitamos a cegos suas impressões.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Delírios verbais em tarde de setembro (Nilto Maciel)



"(...) mostrei-lhe os pavimentos de minha casa, as estantes dos papiros, as obras raras" (...)



Apresentou-se (no e-mail) como Juliana Venturoso de Azevedo Moura, leitora de Mia Couto, Agualusa, Ondjaki. Sonhava com me conhecer pessoalmente. Enchi-me de emoção e logo me rendi: “Sim, pode ser agora, venha, corra”. Meu nome surgira num bar. Tive inveja dos rapazes que frequentam bares todas as noites e morrem de câncer e angústia. Se tivessem intenção de me pegar em emboscada, visitassem os bares do Benfica. Cercado de mocinhas, antigo cidadão sussurrava frases novas ao ouvido da mais fresca, enquanto a cerveja esquentava no copo.