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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A nudez de Alice (Paulo Lima)




A gente nunca sabia quando Alice ia dar o show.  Ela irrompia rua abaixo aos gritos, cabelos alvoroçados, como se tivesse acabado de ver assombração. Os pés estavam sempre descalços. Usava uma saia um pouco acima do joelho, naquele limite suficiente para fazer disparar a imaginação. Uma camiseta, que ela usava sem sutiã, completava o conjunto.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Viajante (Clauder Arcanjo)

“Esses homens talvez morram com uma tremenda quilometragem a seu crédito, mas nunca foram a lugar nenhum”. (E. B. White, em Aqui está Nova York)


Quando criança, o choro. Chave para subir nos braços da mãe e caminhar. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.
Jovem, a decisão: pé na estrada. A descobrir novos horizontes, segredo para entrar nos céus de outras cidades. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.
Adulto, a escolha do meio de vida: viajante. Com a bolsa de produtos a tiracolo, a descobrir clientes. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.
Hoje, cansado, olhos baços postos nos chinelos puídos, e uma dor no peito magro. Preso no asilo, e com a cadeira de balanço a ringir, ao sabor da monotonia. Pra lá, pra cá. Pra cá, pra lá.

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