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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O pentear de cabelos (Caio Porfírio Carneiro)



                                                               
(Quadro de Edgar Degas)

Comprou o jornal na banca, como fazia todas as manhãs, e resolveu estender o passeio por outras quadras, além das habituais que percorria. Entrou numa rua de edifícios altos, silenciosa, poucos passantes. Descobriu, no alto da janela de um velho prédio, uma mulher olhando indiferente a rua, penteando lentamente os cabelos. Ficou olhando-a curioso e até sorrindo. Chegou à esquina e de lá ficou observando-a. Ela continuava, ar de devaneio, a pentear-se, em ritmo lento. Balançou a cabeça, sorriu, e tomou o caminho de casa.
             

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Aéreo (Anderson Braga Horta)


(Tristeza de poeta, de Ianka, colhido em gartic.uol.com.br)

O melhor de mim
está solto no vento.
Mãos, raízes, searas
e outras nuvens que invento.

                               Ai, o melhor de mim
                               no vento é que está.
                               Utopias, pandorgas
                               que menino avento.

Entretanto maduro
para todos os ares,
os semeio, e mais colho
aurassóis: cata-vento.

                               E, arando brisas, onde
                               me lamento, aí canto.
                               Pois o melhor de mim
                               frutifica no vento.

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