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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ladrilhos (Luiz Martins da Silva)




















Qual tinta em mata-borrão,
Se espraiando em aquarela,
Eu vi teu corpo em sabão,
Moldura, no teu chuveiro.

Tanto quanto é o aguardo
Medida do desespero,
Acúmulo de ânsia líquida,
Por entre teus dois joelhos.

Meu indicador desenhando
Teu nome em vapores d’alma
E tua boca cingindo
Todo o meu cetro de fauno.

Exaustos de tantos arquejos,
Enfumaçando os espelhos,
Nossos roucos vultos lassos
Escorrendo em aguaceiro.


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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Regina, lyra em tempo de encanto* (Ricardo Alfaya)




“Como, caro poeta? / Unir o Sol com a Lua?" Assim indaga Regina Lyra em “Breve Ponte”, belo poema que compõe este Tempo de Encanto.  Conhecendo três outros livros da Autora e mais os trabalhos que se acham em exposição no seu “site”, na Internet, atrevo-me a dizer que neste Regina resume simbolicamente sua busca atual como pessoa e como poeta. O sentimento quer, precisa expressar-se.  Porém, a poeta sabe que a sua simples expressão ainda não constitui poesia.  Apenas a melhor expressão desse sentimento pode lograr atingir o "status" de “poema”.  O Sol, de longa data associado à apolínea razão.  A Lua, com seu lado oculto, misterioso, remetendo à dionisíaca emoção. A adequada união desses opostos é uma questão formal e de conteúdo que atravessa a obra, constituindo-se num diferencial, sobretudo em relação aos seus dois primeiros livros.