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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Mendoza e uma esquecida fórmula cervantina (Adelto Gonçalves *)




            Em 1975, três meses antes da morte do generalíssimo Franco, a Espanha, entre satisfeita e perplexa, descobria um romance que, por sua originalidade, contrastava com tudo o que se escrevia no país àquela época. Chamava-se La verdad sobre el caso Savolta (Seix-Barral, Planeta Espanha). E seu autor, Eduardo Mendoza, passava a ocupar um lugar no altar reservado às promessas literárias. Era o momento em que a literatura espanhola, sem medo de reconhecer a influência dos grandes escritores do boom latino-americano, como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Mario Vargas Llosa, reciclava-se e passava a apresentar um produto novo.
           

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Assovio no escuro (Luiz Martins da Silva)














De verdade, de verdade, não existe.
Ele é só o lado avesso do sentido.
Mas, como hei de convencer a criança
De que ele não passa de uma sombra do arcaico?

Hoje, por desígnios de milênios,
Há um silêncio que expande a própria noite,
Feito elástico que só decorou plano de ida,
Momentos de vidas, eu sei, eles jamais voltam.

Imagino reter o mundo no ponteiro dos segundos,
Mas o rio é insistente no seu curso.
Águas se renovam, não os nossos rostos.

Nada há de garantia no cândido acalanto
De que o tempo é uma ilusão dos sentidos
Que só age nestes confins da nebulosa.

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