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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Assovio no escuro (Luiz Martins da Silva)














De verdade, de verdade, não existe.
Ele é só o lado avesso do sentido.
Mas, como hei de convencer a criança
De que ele não passa de uma sombra do arcaico?

Hoje, por desígnios de milênios,
Há um silêncio que expande a própria noite,
Feito elástico que só decorou plano de ida,
Momentos de vidas, eu sei, eles jamais voltam.

Imagino reter o mundo no ponteiro dos segundos,
Mas o rio é insistente no seu curso.
Águas se renovam, não os nossos rostos.

Nada há de garantia no cândido acalanto
De que o tempo é uma ilusão dos sentidos
Que só age nestes confins da nebulosa.

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