Ao
dizer ‘beijos, Tusa’ e desligar o telefone, ouvi a campainha do portão. Acabara
de conversar com Aretusa, a mais nova de minhas herdeiras. Na azáfama dessa
vida de muitas filhas (reais) e milhares de fãs (imaginárias), recebi clarão
súbito no cérebro: Só poderia ser Janete Clair. Corri (sem me preocupar com a
vestimenta, pois me habituei a permanecer só de cueca em casa) e, sem prestar
atenção ao mundo ao meu redor, bati a unha encravada num pé de cadeira, quis
chorar e mandei o objeto para a puta que o pariu. A capengar e suar sangue, dei
à pobre aluna a pior das recepções de sua vida. (Só então me percebi vestido da
cintura até os pés). Depois de explicações mentirosas de minha condição física
e emocional, dei início à aula.