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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Conversa de botequim (Carlúcio Bicudo)




— Bom-dia, Geraldo. Tudo bem com você?
— Mas ou menos, Alfredo.
— Pela sua expressão, estou vendo que a coisa não anda boa para o seu lado. O que foi que houve?
— Caro amigo, lá onde moro a bandidagem está demais. Todo dia tem um presunto na esquina... Minha mulher anda dizendo que irá me largar, caso eu não arrume um outro canto para morarmos.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Redemoinho na terra dos demônios (Nilto Maciel)




Ao dizer ‘beijos, Tusa’ e desligar o telefone, ouvi a campainha do portão. Acabara de conversar com Aretusa, a mais nova de minhas herdeiras. Na azáfama dessa vida de muitas filhas (reais) e milhares de fãs (imaginárias), recebi clarão súbito no cérebro: Só poderia ser Janete Clair. Corri (sem me preocupar com a vestimenta, pois me habituei a permanecer só de cueca em casa) e, sem prestar atenção ao mundo ao meu redor, bati a unha encravada num pé de cadeira, quis chorar e mandei o objeto para a puta que o pariu. A capengar e suar sangue, dei à pobre aluna a pior das recepções de sua vida. (Só então me percebi vestido da cintura até os pés). Depois de explicações mentirosas de minha condição física e emocional, dei início à aula.