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segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Contos fantásticos (Silvério da Costa)



 
Recebi do amigo e contista Nilto Maciel, de Brasília o seu mais recente livro As Insolentes Patas do Cão. Trata-se de um livro de contos cujo cerne é o contexto social e existencial, guardando em si o sensual-erótico, o humor negro e o sádico, mas visto, quase sempre, sob o prisma do humor, da ironia, o que o torna, por isso mesmo, mais sério e autêntico. O toque de comicidade dado pelo autor a seus contos, diretos e sem adornos, é que fazem do livro uma verdadeira obra de arte!

Há nele uma recorrência ao sonho, responsável por algumas das mais belas e significativas imagens do Conto Brasileiro. Onde não há o sonho, aparece o clima onírico criado pela fértil sensibilidade do Nilto. Embutidas na trama de seus contos, há as descrições altamente sensuais, mescladas com imagens de grande e sutil sordidez, mas nem por isso menos belas. Afinal, a beleza também reside naquilo que é sórdido!

À transfiguração da realidade cotidiana, através de uma linguagem enxuta, para uma espécie de realidade surrealista, misteriosa, e vice-versa, cujo fim é quase sempre inesperado, com as personagens principais sofrendo, invariavelmente, algum tipo de decepção, ou punição, é o ponto alto dos contos de Nilto Maciel. Assim acontece, entre outros, em “Rosa dos Ventos"; "A Fala dos Cães"; “Passeio”; “A Voz Indecorosa"; "Adeus, Alzira”; “Sonhos”; “O Riso do Gato”; "Casa Mal-assombrada”; “O Sonho Impossível de Pã”; "O Vencedor"; “Mundo Livre”; “Olho Mágico"; "Os Pés do Monstro”; “O Inseto” e “As Insolentes Patas do Cão", que deu o título ao livro.

Enfim, Nilto Maciel é, sem sombra de dúvida, um dos grandes contistas contemporâneos do Brasil. Anotem, portanto, este nome; e o Dalton Trevisan que se cuide!

(Diário da Manhã, coluna "Fronte Cultural", Chapecó, SC, 3/3/1994)
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