Gaspar Barbacena conheceu Laurent Tailhade numa noite de 1894. Dias depois, um atentado anarquista quase matou o poeta francês. No ano anterior, Laurent havia defendido Vaillant da acusação de ter lançado uma bomba contra a Câmara.
O brasileiro visitava a França pela segunda vez. Queria conhecer mais novidades da literatura européia e levá-las ao Brasil. Na bagagem conduzia exemplares da Machado, Cruz e Sousa e outros, além de seus próprios escritos. Versos em português e francês. Poesia de inspiração revolucionária. Odes à Comuna e aos revolucionários de 1871. Inclusive a Édouard Vaillant. E sátiras aos burgueses, aos inimigos do socialismo. Teria sido um Castro Alves mais próximo dos ideais socialistas. Um pré-modernista, predecessor de Oswald de Andrade.
Numa carta a seu irmão Edmundo, diz Gaspar ter Tailhade elogiado os seus versos. E anuncia sua viagem de regresso. Logo, porém, se daria a grande tragédia. A viagem não se completou: Barbacena desapareceu no mar. Talvez por vontade própria, segundo as investigações policiais. Apesar de nunca ter manifestado índole suicida.
Em 1987 apareceu em Paris um livro intitulado Vers Sans Rimes, como de autoria de certo Jacques Vaillant. Talvez neto daquele anarquista do tempo de Laurent.
Informa Jair Barbacena tratar-se de um conjunto de poemas de seu esquecido ascendente.
Gaspar viveu menos de trinta anos e nunca publicou um só verso. Porém chegou a divulgar no Brasil obras de autores franceses, sobretudo Laurent Tailhade.
Em poder de Jair Barbacena há um calhamaço manuscrito. São os versos originais de Gaspar, em português e francês. Os mesmos publicados sob o título Vers Sans Rimes. Há também uma carta datada de 13 de dezembro de 1893 e dirigida a Gaspar. O autor é Laurent. Quase ilegível, fala de agitações políticas em Paris e tece loas a um anarquista chamado Vaillant.
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